A catedral de Ciudad Rodrigo vivenciou a apresentação das obras de restauro do claustro empreendidas pela Consejería de Cultura y Turismo da Junta de Castilla y León e, também, a inauguração do ponto de informação habilitado na Puerta del Perdón da catedral, projetado no âmbito do Plano Românico Atlântico.
As duas inaugurações foram responsabilidade do diretor geral do Património Cultural da Junta de Castilla y León, Enrique Saiz e do presidente da Fundação Iberdrola Espanha, Fernando García, que estiveram acompanhados pelo Administrador Apostólico da Diocese, Jesus García Burillo, e por representantes da Fundação Santa María la Real, instituições implicadas no desenvolvimento do Plano Românico Atlântico.
Os trabalhos realizados no claustro ao longo do ano passado subentendem o restauro definitivo do completo espaço da Catedral de Ciudad Rodrigo e das áreas adjacentes. Deste modo, foram solucionados os persistentes problemas de humidade que a afetavam e que eram especialmente graves para o arenito da localidade, devido às suas características. Esta obra implicou a execução de câmaras de ventilação e drenagem para assegurar a evacuação das águas, e os telhados também foram renovados, aplicando-se uma solução construtiva que garante a impermeabilização.
Igualmente se procedeu à limpeza e consolidação da fachada Este, dos paramentos do muro do claustro e da capela de S. Jerónimo, e as portas de madeira originais foram completamente restauradas. Tudo isto implicou um investimento da Consejería de Cultura y Turismo de mais de 1 milhão de euros.
No que diz respeito aos trabalhos realizados pelo Românico Atlântico na Catedral de Ciudad Rodrigo, cumpriram-se dois objetivos: Facilitar a conservação preventiva do edifício e melhorar a divulgação e a gestão. Para conseguir tal propósito, um dos espaços mais emblemáticos, a Puerta del Perdón, foi transformado em ponto de informação e de receção, através da instalação da projeção audiovisual e de uma exposição, que, tal como se pôde comprovar hoje, ressalta os valores artísticos e evangélicos da portada gótica e permite a aproximação aos objetivos do Românico Atlântico.
O Plano Românico Atlântico procurou dar especial relevância à conservação preventiva do edifício, incluindo, para o efeito, a catedral dentro do sistema de monitorização do património (MHS) da Fundação Santa María la Real. Assim, instalou-se uma rede de 35 pontos de controlo, equipados com diversos sensores e dispositivos, que permite controlar online e a qualquer momento, o estado em que se encontra a catedral, proporcionando aos gestores informação precisa de parâmetros como temperatura, humidade, luminosidade, radiação solar, concentração de CO2 e inclusivamente, alertando para a possível presença de xilófagos.
A monitorização da catedral servirá para a obtenção de dados reais sobre o estado de conservação e permitirá saber com exatidão, se fatores como, por exemplo, a humidade detetada nas lajes e revestimento do pavimento nos meses de inverno, afetam negativamente o edifício e os bens que alberga.
Outra das ações de conservação preventiva foi a instalação de bancos com aquecimento na Capela do Sagrario, de modo a oferecer mais comodidade aos fiéis e às pessoas que diariamente visitam a sé catedral, proporcionando também consumo energético mais eficiente.
Este trabalho foi cofinanciado pela Fundação Iberdrola e pela Consejería de Cultura y Turismo da Junta de Castilla y León, no montante total de 300.000 euros.
Por último, incidindo na valorização do património e com o objetivo de aproximar o Plano Românico Atlântico à sociedade, foi publicado o livro “É divertido restaurar”, que a partir da imagem da catedral de Ciudad Rodrigo apresenta aos mais pequenos diversos jogos e atividades para entender, conhecer e usufruir do património.
Dedicada a Nossa Senhora Santa Maria, a construção da Catedral de Ciudad Rodrigo começou já bem dentro do séc. XII e continuou durante os séculos XIII e XIV. O que foi iniciado como um projeto românico tardio, materializou-se num grande edifício gótico, com planta cruciforme, cabeceira de três absides e cruzeiro. Conta com três pórticos, erigidos em épocas diferentes: no lado norte, do séc. XIV, o de Amayuelas; no lado sul o pórtico das Cadenas, com magnifica decoração escultórica, e o Pórtico do Perdón ou da Glória, no sopé da catedral, onde está instalado atualmente o ponto de informação. Consegue-se, assim, uma inteligente valorização da Catedral de Santa Maria, que comemora este ano o 130º aniversário da declaração como Bem de Interesse Cultural.
Além disso, o diretor geral referiu que a Junta de Castilla y León tem atendido a conservação deste edifício com investimento quantioso e histórico que supera os 5 milhões de euros.