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Restaurar pensando nas pessoas

Restaurar pensando nas pessoas

18/12/2012
A igreja de San Martin de Castañeda é uma prova de que se pode restaurar, pensando nas pessoas.

O processo de restauração de um edifício histórico não implica somente atender as necessidades do imóvel, mas também as que têm os utentes, ou seja, as da localidade que a ele está associada. Cada vez são mais as administrações, instituições e entidades que respeitam e põem em prática esta premissa. Deste modo, por exemplo, em Castilla y León, através do Plano PAHIS, que se destina a salvaguardar o Património Histórico da região, foram postos em marcha diferentes sistemas territoriais de intervenção, que apostam por uma gestão integral do Património. Projetos nos quais os monumentos deixam de ser entidades isoladas, para converter-se em parte integrante de um território e de uma localidade.


A igreja de San Martin de Castañeda, uma pequena aldeia da região de Zamora, é uma prova de que se pode restaurar, pensando nas pessoas. Durante séculos foi um dos principais complexos monásticos da região de Zamora. Contornou várias crises e acabou por sucumbir à Real Ordem de Exclaustração de 1835. Depois de o mosteiro ter sido abandonado, a igreja continuou a ser utilizada como paróquia local até aos dias de hoje, embora pareça um edifício excessivamente grande para uma aldeia de apenas 150 habitantes. É complicado garantir que tenha uma manutenção adequada e parece missão impossível aquecer o edifício religioso no inverno. A inclusão da igreja no Plano Românico Atlântico supõe um marco importante para os vizinhos de San Martin de Castañeda e, especialmente, para os fiéis.


Seguindo a linha geral do Plano, os técnicos responsáveis pela intervenção no edifício ouviram as petições e as necessidades dos moradores. Graças a isto, a atuação contempla acondicionar a sacristia como lugar de culto, para o qual houve constante diálogo com o pároco. Foi desenhado mobiliário litúrgico pensado para a nova capela, e também se instalaram bancos com aquecimento, que garantem o calor no inverno, contribuindo ao mesmo tempo para uma poupança energética mais eficaz. Assim, atualmente, graças ao Plano Românico Atlântico e à implicação de diversas entidades e instituições, os moradores de San Martin de Castañeda têm garantida a conservação da sua igreja, e ao mesmo tempo, têm à sua disposição um lugar adequado e confortável para celebrar a eucaristia.



Uma intervenção integral


O projeto contempla, para além da intervenção na sacristia, renovar os telhados da abside, melhorar a iluminação e restaurar os bens móveis. Mais concretamente foram realizadas intervenções tanto nos fragmentos de pintura mural da abside lateral, bem como numa escultura do século XIII, que representa a Virgem com o Menino. O Museo de los Caminhos, de Astorga cedeu a imagem à paróquia, para poder ser colocada na sacristia quando o espaço estiver acondicionado como lugar de culto. A imagem foi previamente restaurada na oficina da Fundación Santa María la Real.
Todas as atuações estão a ser levadas a cabo em fases sucessivas, e os trabalhos decorrem a cargo da Fundación Santa María la Real, que incluiu o edifício no MHS (Sistema de Monitorização do Património) e instalou diversos sensores que estão a ser determinantes para avaliar as soluções aplicadas na primeira fase da intervenção e que permitem garantir a conservação preventiva do edifício.



Entidades participantes


A intervenção na igreja de San Martín de Castañeda está dentro do âmbito do Plano Românico Atlântico, um projeto de cooperação transfronteiriça para a conservação do Património Cultural, que supõe uma estreita colaboração entre diferentes entidades da Espanha e de Portugal, mais concretamente, a Consejería de Cultura y Turismo da Junta de Castilla y León, a Secretaria de Estado da Cultura de Portugal, a Fundação Iberdrola, a Igreja Católica de Portugal e as dioceses espanholas de Ciudad Rodrigo, Salamanca, Zamora e Astorga. Às entidades participantes no Plano juntaram-se, neste caso, outras como a Universidade Politécnica de Madrid, que colaborou nos estudos prévios, o Bispado de Zamora e o Ministério do Meio Ambiente, que proporcionaram o necessário para acondicionar a sacristia.

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