Na sua origem era uma paróquia que estava dedicada a São João Batista e, posteriormente, foi convertida em ermida e, já no séc. XVIII em convento de frades franciscanos. Deve ter sido esta nova função, o que motivou inúmeras e significativas obras no edifício, que encobriram – embora não destruíssem – a construção românica quase inteira. Só depois de algumas intervenções recentes, foram descobertos os numerosos elementos românicos que se conservam da construção mais antiga. O edifício, na sua configuração atual, está composto por uma cabeceira retangular, cruzeiro, cúpula e nave única, que se articula em três vãos cobertos por uma abóbada de aresta e separados por arcos de volta inteira que se apoiam em pilastras. Entre os vestígios românicos destacam-se os que foram conservados no lado sul da nave, onde está assentado, desvanecido entre os muros, o portal original. Também a cabeceira é de época românica, embora parte tenha sido destruída (tal como a parte inicial da nave) para abrir o cruzeiro. Nessa altura, também foram elevados os muros da nave. Contudo, ainda é possível observar as filas dos cachorros, incompletos no lado norte, mas bem visíveis no lado meridional. O frontão do edifício religioso também é de silharia e de procedência românica, embora o campanário seja barroco.
Apesar das modificações pode-se antever um edifício medieval de dimensões notáveis e de boa construção. É, sem dúvida, um dos mais importantes vestígios românicos conservados em Sayago, o que põe em evidência a importância da vila naqueles tempos.
Os trabalhos estão orientados para a restauração dos dois retábulos laterais do edifício religioso, dedicados a São Pedro de Alcántara e à Virgem da Anunciação. São de época barroca e estão feitos em madeira dourada e policromada. O passar do tempo, a sujidade e a perda de policromia tornam evidente a deterioração das duas obras, especialmente do retábulo de São Pedro de Alcántara, que vai ter que ser desmontado, para ser restaurado. Depois de passada uma primeira fase de investigação e de análise exaustiva dos retábulos, os técnicos da empresa Rearasa de Zamora vão limpá-los para, posteriormente, procederem à aplicação de diversos métodos de consolidação, tanto do suporte de madeira, como das camadas pictóricas, além de aplicarem os tratamentos necessários contra fungos e insectos xilófagos. Para terminar os trabalhos, vão ser reintegradas quaisquer pequenas falhas que as obras possam apresentar, usando para tal efeito, procedimentos reversíveis e discerníveis de maneira a assegurar que tanto a apresentação, como a interpretação histórico - artística dos retábulos sejam as adequadas.
Os trabalhos serão levados adiante com a renovação e a modernização da instalação elétrica do edifício religioso, através da colocação de novos pontos de luz com tecnologia led, que permitem maior potência de luz e menos consumo. Para além de serem mais eficientes e mais sustentáveis, os novos pontos de luz também vão permitir que se reforce a iluminação de elementos artísticos a destacar no templo, como os retábulos e o presbitério.
Para completar o projeto, o santuário vai ser monitorizado. Os técnicos da Fundação Santa María la Real vão aplicar o Sistema de Conservação Preventiva MHS e vão colocar sensores sem fios em lugares estratégicos, que vão permitir medir, registar e controlar as condições ambientais do edifício (temperatura e humidade), para garantir a conservação ótima dessa construção e dos bens que acolhe no seu interior.
Tendo presente a restauração dos dois retábulos, serão colocados diversos sensores nos mesmos, para evitar que recebam iluminação excessiva que possa danificá-los, uma vez restaurados. As funções do MHS abarcarão também a segurança, permitindo, assim, a instalação de detetores de presença de fumo, que possam garantir uma prevenção mais eficaz perante possíveis incidências.
