A ermida do Cristo de la Misericórdia também é conhecida por “Paróquia Velha”, talvez pela função que desempenhou mais ou menos até mediados do séc. XVI, época em que se construiu a atual paróquia de San Pedro, em pleno casco urbano. Atualmente, o edifício, que pode ser observado desde longe dominando a aldeia, é uma sólida construção de cantaria de granito, com pequena cabeceira quadrangular e ampla nave articulada em cinco tramos, com campanário e três portais, um a norte – atualmente o principal -, outro a oeste – entaipado nos dias que correm – e outro a sul. Nestes portais podemos observar a introdução das preferências do primeiro gótico. As diversas reformas que sofreu o conjunto durante um curto tempo, dificultam a interpretação de todo o seu processo evolutivo, que se dá desde época românica. O mais provável é que a partir de uma primeira cabeceira se fizesse uma primeira ampliação que elevou a cornija e depois, outra nova reforma aumentasse todo o corpo até chegar à sua altura atual, atribuindo-lhe, muito provavelmente, características defensivas.
A intervenção na ermida do Cristo de la Misericordia consistiu basicamente na renovação da iluminação interior, conseguindo um efeito mais adequado à monumentalidade do edifício e diminuindo a incidência visual da instalação anterior, além de ser incorporado um nível de segurança também mais apropriado.
Por outro lado, melhoraram-se os trabalhos de carpintaria e tomou-se especial atenção à reforma do ambiente à volta do edifício religioso. Não convém esquecer, que a ermida se encontra num lugar privilegiado e que as vistas sobre as Arribas do Douro não podiam ser melhores, o que faz deste lugar um excecional miradouro. Foi por isso que se pretendeu reforçar este carácter, melhorando o caminho de acesso e eliminando tudo o que fosse ervas ruins na zona. Da mesma maneira esconderam-se os focos de iluminação exterior e foram instalados elementos de mobiliário urbano, que permitem a formação de diferentes áreas ou espaços, entre as quais foi criada, por exemplo, uma zona de miradouro.
Um dos objetivos do Plano Românico Atlântico é alcançar um nível ótimo de proteção e manutenção dos bens patrimoniais, utilizando para consegui-lo, as últimas tecnologias e as soluções mais inovadoras. Neste sentido, a capela foi integrada no sistema Monitoring Heritage System (MHS). MHS é um sistema de controlo, em tempo real, de diferentes parâmetros que podem afetar a conservação dos edifícios religiosos, como por exemplo, a humidade ou a temperatura, que dificilmente se controlam visualmente e que em certos casos podem pressupor um risco para a conservação dos imóveis e das obras de arte. Para evitar que isso aconteça e melhorar, desse modo, a proteção do edifício religioso, o sistema tem uma série de sensores instalados na igreja, que transmitem dados sobre esses parâmetros, de maneira regular e sem fios, ao centro de controlo, onde se processam e interpretam para que se consiga atuar antes de se produzir uma situação potencialmente perigosa. É o que denominamos “conservação preventiva”.
